Relatório final da investigação mostra novas mensagens trocadas pelo ex-presidente com o filho
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foram indiciados, na quarta-feira (20), pela Polícia Federal (PF) por tentativa de obstrução no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, ocorrida em 8 de janeiro de 2023, e de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais.
A decisão que integra um relatório de 170 páginas encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia, que foi alvo de mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares.
O pastor retornou ao Brasil na quarta-feira, vindo de Lisboa, em Portugal. A operação ocorreu no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde ele foi conduzido para prestar depoimento à PF. Malafaia é alvo de medidas cautelares que agora o proíbem de deixar o país e de manter contato com outros investigados.
O clima entre o pastor e Eduardo Bolsonaro já estava quente desde 11 de julho deste ano, quando Malafaia o chamou de “babaca”, “inexperiente” e “idiota” em uma mensagem enviada a Jair Bolsonaro.

Movimentação financeira
O relatório aponta ainda que Bolsonaro e Eduardo movimentaram mais de R$ 2 milhões de forma fracionada para evitar chamar a atenção dos órgãos de controle. Com isso, a PF solicitou ao STF a quebra do sigilo bancário dos dois.
A investigação reúne indícios, como mensagens e áudios, que revelam, segundo os policiais, uma tentativa de coagir ministros do STF e, mais recentemente, parlamentares, para livrar o ex-presidente da ação penal da qual é réu.
As conversas estavam nos celulares de Bolsonaro e haviam sido apagadas, mas os peritos conseguiram recuperá-las. De acordo com a PF, o conteúdo confirma que Bolsonaro desrespeitava medidas cautelares impostas pelo Supremo de forma intencional.
Pedido de asilo político na Argentina
Nos celulares do ex-presidente, foram encontradas mensagens de Bolsonaro planejando um pedido de asilo político na Argentina. Em um rascunho que seria dirigido ao presidente Javier Milei, ele escreve: “De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares”.

Eduardo xinga o pai em mensagem
Em mensagens pelo WhatsApp, o deputado federal Eduardo Bolsonaro xingou o pai e ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL). O deputado se mostrou irritado ao ser chamado de “imaturo” pelo seu genitor e subiu o tom: “VTNC [abreviação de um xingamento] SEU INGRATO DO C****”.
Eduardo Bolsonaro também se referiu aos EUA de forma pejorativa nas suas declarações: “Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se f**** é vc. E VAI DECRETAR O RESTO DA MINHA VIDA NESTA P**** AQUI. TENHA RESPONSABILIDADE!”, afirmou o deputado.
Próximos passos
O relatório foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes que enviou o documento à Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá ao procurador-geral, Paulo Gonet, definir se oferece denúncia, se requisita diligências complementares ou se pede o arquivamento da investigação. A última hipótese é considerada remota.
*Com informações do G1, CNN, Uol e Veja