Neste primeiro semestre, a vacinação contra o sarampo foi intensificada em São João e no Estado do Rio após a notificação do contágio em duas crianças meritienses da mesma família.
O Dia Nacional da Imunização chama atenção para a importância da vacinação em todo território nacional. Celebrado hoje, 09 de junho, o dia é utilizado pelos Estados e municípios como ferramenta de conscientização. São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ganhou notoriedade no Estado após duas crianças da cidade, da mesma família, terem sido notificadas com sarampo, neste primeiro semestre. Após o registro, a vacinação contra a doença, até então considerada erradicada, foi intensificada.
O Portal Rio 360 Notícias conversou com o Secretário Municipal de Saúde de São João de Meriti, Dr. Carlos Neto, sobre os desafios da imunização no município e a importância da cobertura vacinal completa.
Rio 360 – São João de Meriti apresentou dois casos confirmados de crianças, menores de 1 ano, com sarampo. Por conta disso, a vacinação foi intensificada na cidade e no Estado. Como está essa situação no município? O número de imunizados contra o sarampo foi satisfatório?
Secretário Dr. Carlos Neto – A presença do sarampo em nosso município foi uma ocorrência nada feliz, pois nunca algo dessa natureza pode ser encarado positivamente, em lugar nenhum. De início, eu quero dizer que as crianças que apresentaram a doença estão bem e passaram por pronta recuperação. A constatação de algo dessa magnitude fez com que nos debruçássemos, já nos primeiros meses de gestão, sobre os problemas com a imunização. Buscamos o auxílio do apoio técnico da Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado e do Ministério da Saúde. Quanto a este último, fomos visitados, por algumas vezes, por técnicos do Programa Nacional de Imunização e, em uma ocasião, pelo Diretor do PNI. Faço essa descrição para pontuar que o combate de doenças como o sarampo é um esforço tripartite. Localmente, nosso time trabalhou de forma incansável, para oferecer assistência às crianças com os casos confirmados, promover o bloqueio de casos suspeitos, qualificar os profissionais das unidades de saúde, em todas as complexidades, a fim de que eles aprendessem a lidar com possíveis casos e estivem cientes dos protocolos a serem observados, entre outras medidas como o programa “Vacina na Mochila”, realizado em parceria com a secretaria municipal de educação, e as campanhas de varreduras aos sábados. Graças a isso, não tivemos a constatação de novos casos de sarampo e, segundo os dados oficiais até agora consolidados, conseguimos um aumento de algo em torno de 9% de cobertura vacinal entre a primeira e a segunda dose, se compararmos o período idêntico do ano passado. Aguardamos, ainda, atualização de dados mais recentes, com resultados que, estou certo, serão ainda mais promissores. Destaco ainda que participamos, recentemente, da reunião para recertificação do Brasil, conduzida pela Organização Pan-Americana da Saúde, e as ações de São João no combate ao sarampo foram elogiadas e reconhecidas.
Rio 360 – No geral, como está o estoque de vacinas no município de São João de Meriti?
Secretário Dr. Carlos Neto – Em São João de Meriti temos trabalhado muito a questão da vacinação, sobretudo diante dos baixos índices de cobertura que nós identificamos quando assumimos a Secretaria Municipal de Saúde. Graças ao apoio do Estado do Rio de Janeiro e do Ministério da Saúde, não temos deficiência de doses de vacina em nossa cidade, de modo que o cidadão pode procurar um posto de saúde e receber, sem dificuldades, doses de que necessite eventualmente.
Rio 360 – Por que é importante manter a caderneta de vacinação em dia?
Secretário Dr. Carlos Neto – Hoje, por exemplo, em muitos processos seletivos para vagas de trabalho, a caderneta ou certas vacinas específicas são exigidas pelas empresas, principalmente para as vagas na área da saúde. O candidato precisa apresentar os comprovantes de ter recebido as doses ou, preferencialmente, a caderneta, que é o documento criado para reunir o todo dessas informações. Mas, para além dessa destinação prática, do ponto de vista da saúde pública, a caderneta é um instrumento orientador fundamental. Isso porque, considerando a imunização como uma política de saúde imprescindível, a caderneta possibilita a visualização de eventuais deficiências vacinais e oportuniza a correção desse quadro. Por isso, a nossa recomendação sempre é que as pessoas mantenham sua caderneta atualizada, ou seja, estejam em dia com as doses vacinais, e tenham com essa informação registrada. O cidadão pode e deve, em caso de qualquer dúvida, comparecer a uma unidade de saúde próxima à sua casa e submeter sua caderneta à avaliação de um profissional habilitado, que poderá indicar se há alguma dose faltando e aplicá-la, se cabível.
Rio 360 – A população meritiense tem procurado as vacinas?
Secretário Dr. Carlos Neto – Graças às ações que tem sido desenvolvidas na secretaria de saúde, e, nesse aspecto, eu preciso destacar o papel fundamental realizado por nosso time da Vigilância em Saúde, especialmente nossos servidores da diretoria de epidemiologia, temos observado um aumento paulatino da adesão, principalmente pelas iniciativas que aproximam a vacina dos bairros, que percorrem as ruas das cidades ou que oportunizam imunização em horários não comerciais, como os fins de semana, dando ao cidadão mais disponibilidade na busca da vacinação. Existe, porém, um caminho para percorrermos e o nosso apelo aos meritienses segue sendo: vacinem-se e vacinem-se!
Rio 360 – Na sua opinião, por que ainda há pessoas que são resistentes em se vacinar?
Secretário Dr. Carlos Neto – Nas últimas décadas, principalmente com o advento da internet, muita desinformação tem sido produzida acerca das vacinas. Riscos inventados, teorias da conspiração, ideias e afirmações sem nenhuma espécie de respaldo científico. O consenso científico segue eloquente: vacinas salvam vidas! Todo resto é especulação maldosa e, talvez, até criminosa. Sem sombra de dúvidas, o poder público tem um papel fundamental nesse debate, pois nós precisamos fazer que as informações confiáveis cheguem até as pessoas e possam desconstruir narrativas fantasiosas e irresponsáveis que têm comprometido, até em nível nacional, a cobertura vacinal, notadamente das nossas crianças.
Rio 360 – Como a sua secretaria trabalha para reverter essa situação?
Secretário Dr. Carlos Neto – Não percebo em São João uma construção ideológica de resistência à vacina tão acentuada. É claro que existe, pois todos estamos atingidos pelas narrativas que mencionei. Temos usado às redes sociais, que é, na maior parte das vezes, a arena da desinformação, como uma ferramenta aliada, simplificando o discurso técnico, aproximando o cidadão meritiense da informação adequada e colocando a busca por vacinas como ponto de debate, o que é possível pela presença de um time de especialistas engajado e qualificado para colocar a questão no centro da pauta. Sem dúvidas, a vacinação é fulcral na política de saúde que estamos perseguindo e a secretaria vai usar todos os meios à sua disposição para obter resultados satisfatórios.
Rio 360 – O Ministério da Saúde confirmou que o Brasil vive um surto de influenza. A vacinação em todo o país está em 35%, uma cobertura vacinal baixa para o esperado. Em São João de Meriti, como a secretaria de saúde está agindo para vacinar a população contra a gripe?
Secretário Dr. Carlos Neto – Sim, a situação é preocupante e merece muita atuação. Em São João, reforçamos nos esforços de vacinação, com campanhas para chamar a população para se vacinar e a disponibilização do imunizante em todas as unidades de atenção primária para todos a partir de 6 meses de idade. Quando nos vacinamos contra a gripe, cuidamos de nós mesmos e das pessoas ao nosso redor. Por isso, eu reforço o apelo às pessoas: compareçam às unidades e busquem a vacina.
Rio 360 – Sendo hoje o Dia Nacional da Imunização, o que você diria ao público do Rio 360 sobre a vacinação?
Secretário Dr. Carlos Neto – uma máxima segue, mesmo clichê, sendo verdadeira: vacinas salvam vidas! Isso já foi, há muito, comprovado pela história. Faça por você e faça também por quem você ama. Se houver dúvidas, procure fontes oficiais ou até mesmo as unidades de saúde, em busca de informações seguras. Eu digo e repito: não vacile, se vacine!