Bolsonaro, Carlos, Ramagem são indiciados por espionagem ilegal

Abin teria sido usada para espionar adversários e disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu filho, vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), no inquérito concluído nesta terça-feira (17), que investiga o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar adversários e disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral. Ao todo, mais de 30 pessoas foram indiciadas.

Bolsonaro e Ramagem já são réus em outro caso, que trata da tentativa de golpe, em análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A PF viu relação entre as duas investigações, compartilhou provas, e dedicou um capítulo no relatório sobre as conexões entre a “Abin paralela” e o plano de golpe de Estado.

De acordo com a PF, estrutura montada na Abin produziu dossiês de forma ilegal e atuou para disseminar notícias falsas sobre integrantes da cúpula do Judiciário e do Legislativo, além de um ex-presidenciável, servidores públicos e jornalistas. Também monitorou os passos de milhares de cidadãos de forma clandestina, além de autoridades da cúpula dos três poderes.

Os investigadores chegaram à concussão de que a “Abin paralela” funcionou sob a gestão de Ramagem por ordem de Bolsonaro e que, por meio da ferramenta de espionagem, os dados eram coletados de celulares e antenas para conseguir identificar o último local conhecido da pessoa que portava o aparelho.

O inquérito aponta ações contra o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Dias Toffoli; o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ex-chefe da Casa Rodrigo Maia; e o ex-governador de São Paulo João Doria, que foi pré-candidato à presidência, entre outros.

A PF aponta que Ramagem orientou o presidente a atacar a credibilidade das urnas e adotar uma estratégia mais hostil no enfrentamento contra “o sistema”. Documentos com esse teor foram encontrados em arquivos de um e-mail de Ramagem captado pelos investigadores.

 

 Eleições municipais

Outro ponto que chamou a atenção da PF foi um pico de acessos feitos no programa espião durante as eleições municipais de 2020. Investigadores traçaram um gráfico que mostram o crescimento expressivo de monitoramentos realizados no sistema israelense de geolocalização First Mile durante o período em que foram escolhidos prefeitos e vereadores por todo o país.

A lista de monitorados pela Abin incluiria também lideranças de grupos de caminhoneiros e dirigentes de entidades do setor. Após a greve do segmento que paralisou o país em 2018, a Abin passou a intensificar a coleta de informações sobre ameaças de novos protestos.

Em 2018, quando era pré-candidato à presidência, Bolsonaro parabenizou a categoria pela “luta justa contra mazelas que atingem a população”. Em setembro de 2021, quando ele já era o chefe do Executivo, um grupo de caminhoneiros ocupou a Esplanada dos ministérios em apoio ao governo federal e contra o STF.

Ramagem e o ex-presidente não comentaram o indiciamento. Em ocasiões anteriores, eles negaram a existência de estrutura paralelas na agência e a participação em espionagens ilegais. A Abin, por sua vez, tem afirmado estar “à disposição das autoridades” e ressaltou que os fatos investigados ocorreram em “gestões passadas”.

Já o vereador Carlos Bolsonaro culpou o governo Lula. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, postou o vereador nesta manhã.

 

*Com informações do Jornal Extra

 

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